Design inclusivo: criando um mundo para todos
Imagine um mundo onde todos, independentemente de suas habilidades, podem usar produtos e serviços com facilidade e segurança. Esse é o objetivo do design inclusivo, uma filosofia que vem ganhando cada vez mais espaço no mundo.
Sabia que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência? Isso significa que o design inclusivo não é apenas uma questão de acessibilidade, mas sim de justiça social e econômica.
Neste post, vamos explorar os princípios, a aplicação prática, ferramentas e recursos, diretrizes e abordagens inovadoras para integrar o design inclusivo em seus projetos.
Os princípios do design inclusivo
Os Princípios do Design Inclusivo são diretrizes essenciais que orientam o processo de design para ser mais inclusivo:
1. Equivalência na experiência
Assegurar que sua interface proporcione uma experiência igualmente rica e acessível para todos os usuários. Isso significa adaptar o design para atender a diversas necessidades, garantindo que cada usuário tenha acesso ao mesmo nível de informação e funcionalidade.
Disponibilizar alternativas em áudio para conteúdo em texto para pessoas cegas, legendas para conteúdo em vídeo as pessoas surdas e ainda conteúdo em Libras para textos escritos em português - lembre-se que nem toda pessoa surda é alfabetizada em português, algumas pessoas só conseguem se comunicar através da Libras.
2. Considerar a situação
Reconhecer que os usuários interagem com sua interface em contextos variados. Seja em um ambiente de trabalho acelerado ou em movimento, o design deve oferecer uma experiência consistente e adaptável às diferentes situações dos usuários.
As legendas nos vídeos, atualmente muita gente assiste vídeos com os dispositivos móveis no silencioso por estarem em locais públicos, a legenda faz com que a informação seja consumida sem a necessidade do som.
3. Ser consistente
Manter uma abordagem coerente em toda a interface, utilizando padrões reconhecíveis e aplicando-os de maneira uniforme. Isso ajuda a criar uma experiência intuitiva e previsível para os usuários, facilitando a navegação e a interação.
Utilizar padrões de design e de comportamento já consolidados no mercado e informações bem estruturadas para ser para todas as pessoas possam navegar pelo conteúdo de maneira mais simples possível.
4. Dar o controle
Permitir que os usuários personalizem a interface de acordo com suas preferências. Isso inclui ajustes de configurações como orientação de tela, tamanho da fonte e contraste, bem como evitar alterações automáticas no conteúdo que não sejam iniciadas pelo usuário.
O zoom nas páginas e a possibilidade de desativar animações é uma forma de dar controle ao usuário.
5. Oferecer escolha
Oferecer várias maneiras de realizar tarefas, especialmente aquelas mais complexas ou não padronizadas. Isso proporciona aos usuários a liberdade de escolher o método que melhor se adapta às suas necessidades e preferências.
Um exemplo prático desse princípio em ação, é o ato de curtir fotos no Instagram, dois toques rápidos na imagem, faz o usuário “curtir” a foto/vídeo, porém existe pessoas que não tem coordenação motora para dar esses cliques tão rápido, então a plataforma disponibiliza um ícone de coração, que faz a mesma ação só que com um clique.
6. Priorizar o conteúdo
Priorizar as principais tarefas, funções e informações na interface. Uma abordagem clara e focada ajuda os usuários a se concentrarem no que é mais importante, facilitando a compreensão e a interação.
Nas plataformas de email, a principal ação é enviar e receber e-mails, por isso o botão de escrever e a caixa de entrada tem o destaque na interface.
7. Adicionar valor
Avaliar a importância de cada recurso e como ele pode enriquecer a experiência do usuário. Considere a integração com funcionalidades do dispositivo, como comandos de voz, geolocalização e câmera, para oferecer interações mais dinâmicas e personalizada.
Um botão de exibir a senha no campo de criar ou digitar senha, faz com que a pessoa evite a digitação, porém quando o aplicativo utiliza a digital ao invés da senha, faz com que o uso da solução seja ainda mais eficaz.
Design Inclusivo e as Heurísticas de Jakob Nielsen
O design inclusivo se alinha estreitamente com as heurísticas de usabilidade de Jakob Nielsen, um conjunto de princípios para melhorar a experiência do usuário.
Por exemplo, a heurística de "consistência e padrões" complementa o princípio de design inclusivo de simplicidade e intuitividade, enfatizando a importância de usar convenções familiares. Da mesma forma, a heurística de "prevenção de erros" se alinha com o princípio de tolerância a erros no design inclusivo, destacando a necessidade de minimizar as chances de erros por parte do usuário.
Integrar essas heurísticas no design inclusivo não apenas melhora a acessibilidade, mas também aprimora a usabilidade geral do produto ou serviço, tornando-o mais intuitivo e fácil de usar para todos.
Para as pessoas sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.
Mary Pat Radabaugh, ex-diretora do Centro Nacional de Apoio para Pessoas com Deficiência da IBM
Design inclusivo na prática
A maior fonte quando estamos falando de acessibilidade digital é na WCAG uma das fontes mais ricas de informações, com orientações para garantir a acessibilidade. Essas diretrizes são cruciais para alcançar um design verdadeiramente inclusivo em projetos digitais.
O design inclusivo é implementado em uma variedade de projetos, desde tecnologia assistiva até ambientes acessíveis. Inclusive Design Research Centre compartilha em seu site, uma série de iniciativas práticas.
Diversas ferramentas estão disponíveis para auxiliar designers a incorporar a inclusão em seus projetos. O Kit de Ferramentas de Design Inclusivo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido oferece orientações práticas, e os Liberatory Design da Universidade Stanford nos EUA incentivam a reflexão sobre equidade e inclusão no design. Outra fonte interessante de aprender é com as cartas de Tarôs da Tecnologia,
Inciativas como essas podem inspirar a reflexão sobre as implicações éticas e inclusivas do trabalho dos designers.
Referências Adicionais
Para aprofundar seus conhecimentos em design inclusivo:
Sites
- WebAIM (Web Accessibility in Mind)
- A11Y Project
- W3C Web Accessibility Initiative (WAI)
- Inclusive Design 24 (ID24)
- Movimento Web para Todos
- Disability Inclusion Overview - World Bank
- United Nations DESA Programme on Disability
- Princípios do Design Inclusivo
Livros
- "A Web for Everyone" por Sarah Horton e Whitney Quesenbery
- "Accessibility for Everyone" por Laura Kalbag
- "Acessibilidade na Web" por Reinaldo Ferraz
- "Design for Real Life" por Sara Wachter-Boettcher e Eric Meyer
- "Inclusive Design for a Digital World" por Regine M. Gilbert
- "Não me faça pensar" por Steve Krug
Confira a playlist da Itamara Ferreira, Marcelo Sales e a Talita Pagani sobre design inclusivo.
Adotar o design inclusivo é essencial para criar um mundo mais acessível e equitativo. Ao abraçar os princípios, práticas e ferramentas do design inclusivo, podemos garantir que nossos projetos atendam às necessidades de uma ampla gama de usuários. Convido todos a explorar os recursos mencionados e a incorporar o design inclusivo em seu próprio trabalho, fazendo a diferença na vida de muitas pessoas. E se tiverem outras, ferramentas, dicas, livros, deixe nos comentários, tá? 😎
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