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Pessoa usando fones de ouvido e leitor de tela com saída em Braille.

A jornada do Braille e seus desafios na era digital

Foto de homem de pele branca, cabelos e barba curta e preta, usa óculos, sorri, veste camisa vermelha
Escrito por
Wagner Beethoven

Imagine um mundo onde a leitura e a escrita transcendem a visão. Um universo onde a informação flui livremente, sem barreiras, para todos. Essa é a realidade do Braille, um sistema de escrita tátil que revolucionou a vida de milhões de pessoas cegas ou com baixa visão. O sistema, criado pelo francês Louis Braille no século XIX, revolucionou a vida de milhões de pessoas cegas ou com baixa visão, esse método de leitura e escrita tátil permitiu um acesso à literatura, educação e comunicação.

Evolução e Impacto do Braille

Desde sua invenção, o Braille passou por várias modificações e adaptações para atender às necessidades das pessoas. Reconhecido oficialmente como um sistema de escrita para pessoas cegas em 1854, se estendendo a áreas como matemática, música e até mesmo tecnologia, com a criação de dispositivos específicos como a máquina de escrever e display Braille. Sua adoção em todo o mundo proporcionou inclusão e independência.

Desafios no mundo digitalizado

O futuro do Braille na era digital é promissor. Iniciativas estão em andamento para desenvolver soluções tecnológicas mais acessíveis e econômicas, como displays Braille mais baratos e interfaces táteis aprimoradas. Além disso, a conscientização sobre a importância da acessibilidade digital está crescendo, levando a um maior foco no desenvolvimento de conteúdo e aplicativos compatíveis com o Braille.

Leitura e escrita

 Imagem formada por 6 círculos com números (de 1-6) dentro de cada uma delas, organizados em 2 colunas e três linhas. Na coluna esquerda, os números: 1, 2, 3 e na direita: 4, 5, 6.

A leitura no Braille é realizada pelo tato, geralmente com a ponta dos dedos, que deslizam sobre os caracteres em relevo. Cada caractere, ou célula Braille, é composto por até seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas verticais de três pontos cada. Os diferentes padrões desses pontos representam letras, números, sinais de pontuação e até palavras inteiras ou abreviações em alguns casos.

Os leitores desenvolvem sensibilidade nos dedos para distinguir os padrões de pontos e interpretá-los rapidamente. Com a prática, muitos conseguem ler utilizando o tato com velocidade comparável à leitura visual de texto impresso.

O alfabeto em Braille em português do Brasil

A primeira e principal ação no país foi o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente conhecido como Instituto Benjamin Constant, criado em 1854 com a motivação de oferecer educação e formação profissional para pessoas cegas.

Abaixo está reproduzido uma tabela com caracteres e seus respectivos símbolos - essa representação segue as orientações da Grafia Braille para a Língua Portuguesa do Mec. Os símbolos estão descritos seguindo o preenchimento do ponto, por exemplo, a letra B () é descrito como “padrão Braille - 4 5”

Alfabeto da língua portuguesa e seus respectivos símbolos em Braille
Letras A-Mabcdefghijklm
Letras em Braille
Letras N-Znopqrstuvwxyz
Letras em Braille
Acentos nas vogais
Acentoaeiou
Agudoáéíóú
Graveà----
Circunflexoâê-ô-
Tilã--õ-
Números
Número1234567890
Números em Braille⠼⠁⠼⠃⠼⠉⠼⠙⠼⠑⠼⠋⠼⠛⠼⠓⠼⠊⠼⠚

Como é escrita no Braille?

A escrita no Braille pode ser feita de várias maneiras, dependendo das ferramentas disponíveis:

Reglete e Punção

Um método tradicional de escrita Braille é o uso de uma reglete e uma punção. A reglete é uma placa de metal ou plástico com linhas de células Braille vazias. O usuário coloca um papel sobre a reglete e usa a punção para fazer os pontos em relevo, pressionando a punção nos buracos correspondentes da reglete.

A escrita padrão com reglete é feita da direita para a esquerda, para que os caracteres apareçam na orientação correta quando o papel é virado, porém hoje existe o reglete positivo, ou seja, ao invés de empurrar o papel para baixo, existe relevos e a punção tem espaço que se encaixa no relevo - assim não é necessário fazer com que o usuário escreva da direita para esquerda e vire o papel.

Fotografia de uma pessoa usando um reglete
Equipamento para escrita em Braille, reglete com punção (Foto: Revista Cenarium)
Fotografia de uma pessoa usando uma máquina em Braille azul
Máquina de screver em Braille Laramara (Foto: Divulgação/Laratec)
Máquina de Escrever Braille

Essas máquinas são semelhantes às máquinas de escrever convencionais, mas produzem caracteres Braille em vez de caracteres impressos. O usuário pressiona combinações de teclas para criar os diferentes padrões de pontos em relevo no papel.

Infelizmente uma máquina de escrever em Braille ainda tem um valor muito alto, entre R$ 4-8 mil. No Mercado Livre, encontrei uma máquina de R$27 mil.

Impressoras Braille

Com o avanço da tecnologia, essas impressoras permitem a produção de documentos em Braille a partir de textos digitais. Essas impressoras convertem o texto em caracteres Braille e os imprimem em relevo no papel especial para Braille, um usuário doméstico possivelmente não terá acesso a equipamentos como esse, o valor de uma delas é próximo de R$ 20 mil.

Teclados Braille

Esses dispositivos eletrônicos permitem a escrita digital em Braille, que pode ser convertida em texto comum ou vice-versa. Esses dispositivos são frequentemente conectados a computadores ou tablets e podem incluir displays Braille, que mostram o texto em Braille para leitura tátil.

Se você quiser testar o teclado em Braille no seu celular, o pessoal da Guide Dogs compartilhou no YouTube como ativar e as principais características no Android e no iPad/iPhone, o vídeo está em inglês com audiodescrição, mas você consegue ativar a legenda em português, se você quiser orientação em português, tem explicação no manual da Apple e do Android.

Fotografia do Ownfone
OwnFone lançou um telefone Braille que é feito usando impressão 3D (Fonte: Divulgação/ OwnFone)

Celular em Braille?

Primeiro celular do mundo com teclas em Braille. O modelo apresenta um teclado impresso em 3D, tornando-o utilizável por quem lê Braille, mesmo básico, sem tela, câmera ou processador, cumpre seu propósito de forma eficaz, o dispositivo pesa apenas 40 gramas e pode permanecer ligado por até um ano antes de precisar ser recarregado.

Embora oferecer Braille no celular seja um avanço, muitas pessoas com deficiência visual já usam smartphones junto com aplicativos especiais para iOS e Android. Existem aplicativos que leem em voz alta tudo que seja exibido na tela ou assumem as funções do celular, como telefone, contatos, mensagens, calendário, e-mail e mapas para ajudar e simplificar o processo para pessoas com deficiência visual.


O Braille continua sendo um instrumento vital para a inclusão e autonomia de pessoas cegas ou com baixa visão. Enquanto enfrenta desafios na era digital, o compromisso com a inovação e a acessibilidade assegura que o Braille permanecerá relevante e valioso. Ao abraçar as novas tecnologias e garantir que elas sejam inclusivas, podemos garantir que o Braille evolua junto com o mundo digital, proporcionando oportunidades iguais para todos.

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À direita da fotografia, em pé, o Professor Francisco segura com a mão direita um bloquinho de resina, dentro do qual está preservado um besouro. À esquerda, parcialmente oculto pelo corpo do professor, há um banner apresentando a fotografia colorida da abelha europeia, Apis mellifera. Acima do bolso esquerdo da camisa do professor, há um bottom do SnapSects.

EPISÓDIO #2

01:53:49

Audiodescrição e tecnologia a favor da acessibilidade e da inclusão

No segundo episódio, falamos da sobre como é a vida de uma pessoa com deficiência e como ela pode ser favorecida com a tecnologia e com a inteligencia artificial, além de diversas iniciativas de cunho acadêmico e tecnológico.

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