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Foco Acessível Do lado esquerdo dois círculos um maior e outro menor, estão centralizados um dentro do outro. O maior é tracejado e não é preenchido com cor e o menor é preenchido com cor. Ao lado das formas, o texto 'Foco Acessível'. A logo está apresentada na cor verde escuro.
Episódio #5 / 01:01:20
Reinaldo é um homem de pele branca, cabelos castanhos e barba grisalha e curta, vestido uma camisa com a cor escura e um crachá de identificação com um cordão listrado em vermelho e branco. Segura um troféu e fala ao microfone. O troféu que ele segura é translúcido e tem um círculo, dentro do círculo existe uma representação de uma pessoa os as pernas e os braços abertos.

Acessibilidade digital no Brasil: desafios e iniciativas inovadoras

Reinaldo Ferraz • Gerente de Projetos e Especialista em Desenvolvimento Web

Exploramos os desafios e iniciativas inovadoras que estão transformando o cenário brasileira, desde a importância da legislação até a aplicação de novas tecnologias para tornar a web mais inclusiva para todos.

Ouça o episódio

Detalhes
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Bem-vindos a mais um episódio do Foco Acessível! Hoje, vamos mergulhar no universo da acessibilidade digital no Brasil, explorando os desafios enfrentados e as soluções inovadoras que estão transformando o cenário. Vamos discutir a importância de tornar a web acessível para todos, as barreiras que ainda existentes e como a legislação pode influenciar positivamente essa jornada. Além disso, vamos conhecer iniciativas práticas que estão sendo implementadas para garantir que cada vez mais pessoas possam usufruir da internet de maneira plena e inclusiva.

Prepare-se para uma conversa repleta de insights e informações valiosas sobre como a tecnologia pode e deve ser acessível para todos. Não perca!

Junte-se a nós nesta conversa inspiradora e informativa sobre o futuro da tecnologia acessível! E não se esqueça de acessar os links e à transcrição desta conversa e nos seguir nas redes sociais: LinkedInInstagramTikTokFacebookPinterestTwitterThreads E se você tiver alguma sugestão ou feedback, adoraríamos ouvir de você - participe e contribua para tornar o mundo um lugar mais acessível e inclusivo para todos.

Índice do episódio

  • 00:00:08: Introdução
  • 00:00:38: Audiodescrição - Wagner
  • 00:01:25: Audiodescrição - Reinaldo
  • 00:01:51: Pergunta 1
  • 00:07:37: Pergunta 2
  • 00:13:50: Pergunta 3
  • 00:17:55: Pergunta 4
  • 00:23:20: Seção de avisos - parte 1
  • 00:23:40: Pergunta 5
  • 00:29:44: Pergunta 6
  • 00:35:00: Pergunta 7
  • 00:42:36: Pergunta 8
  • 00:47:34: Seção de avisos - parte 2
  • 00:47:58: Pergunta 9
  • 00:49:48: Pergunta 10
  • 00:54:12: Recomendações
  • 00:57:24: Mensagem final
  • 01:00:18: Avisos finais e agradecimento

Biografia do especialista

Formado em Desenho e Computação Gráfica e pós-graduado em Design de Hipermídia pela Universidade Anhembi Morumbi (SP), atua com desenvolvimento web desde 1998. Coordena as iniciativas de acessibilidade na Web do NIC.br e projetos relacionados à Open Web Platform, Digital Publishing e Web das Coisas.

Representa o NIC.br em grupos de trabalho internacionais do W3C nas áreas de Acessibilidade na Web, Digital Publishing e Web das Coisas. Além disso, coordena o grupo de trabalho da ABNT responsável pela norma técnica de acessibilidade em aplicativos móveis, ministra um curso de extensão na PUC-SP sobre Design de Interfaces Acessíveis e é autor de quatro livros, sendo dois deles focados em Acessibilidade na Web.

Apaixonado por acessibilidade, usabilidade, padrões web, HTML, CSS e café sem açúcar.

Edição do episódio: Booa, Paulo! Design & Multimídia

Wagner Beethoven: Olá, todas as pessoas que estão conosco em mais um episódio do Foco Acessível hoje comigo, um dos maiores nomes da Acessibilidade no Brasil, o Reinaldo Ferraz. E antes da gente começar a conversa com ele, gostaria de apresentar para quem é novo aqui, o Foco Acessível é um espaço que chamo profissionais para trabalhar com acessibilidade, diversidade e inclusão na tecnologia para partilharem suas jornadas.

Você que está ouvindo aqui pode participar, mande sua dúvida, seu feedback através das áreas de comentários ou para o nosso e-mail focoacessivel@gmail.com. Eu me chamo Wagner Beethoven, sou homem de pele branca, cabelo preto e barbas curta e grisalha, óculos de armação preto de grau e tenho 4 piercing, 2 alargadores nas orelhas, me viste uma camisa azul-marinho, uso fones intra-auriculares e ao fundo portas brancas no meu guarda-roupa. Agora vamos deixar de enrolação e vamos ouvir nosso convidado, né? Muito obrigado por aceitar o convite, Reinaldo, como é que você está?

É um prazer, tê-lo em nosso podcast.

Reinaldo Ferraz: Oi Wagner, obrigado, é um prazer estar aqui também, fiquei surpreso em receber o convite para poder participar. É muito bom poder participar de iniciativas assim, que a gente trabalha para divulgar Acessibilidade. Acho que é muito legal a gente ter mais material e mais conteúdo que seja divulgando Acessibilidade digital para a gente poder apresentar para mais pessoas. Deixa eu apresentar, me auto escrever também. Eu sou um homem branco, tenho 47 anos, tenho um cabelo castanho claro liso, que está meio penteado para o lado, está nem compridão aqui, então que está caindo um pouco na testa, tem uma barba que já está ficando bem grisalha já. Estou usando uma camisa preta e eu estou num escritório que tem um todo branco, que tem o sofá cinza atrás.

Wagner Beethoven: Bacana, então vamos começar a nosso primeiro bloco de perguntas, que é mais sobre você, sobre os seus projetos. Queria saber como é que o foi sua carreira, né? Como é que você se envolveu com o projeto e acessibilidade web? Como é que foi sua trajetória até hoje? Como que começou isso?

Reinaldo Ferraz: Tá, eu volto bastante no tempo, porque eu comecei a me desenvolver com Acessibilidade já há bastante tempo. Acho que eu poderia dizer por volta de 2002, talvez eu tive o primeiro contacto. Acho que talvez seja por volta de 2004 ou 2005 por aí. Porque como, como que surgiu esse envolvimento com Acessibilidade? Eu já trabalhava no Nic.br, né? Eu continuo trabalhando no NIC, né? Esse ano a completo 20 anos, né? dentro do NIC.

Eu comecei a trabalhar lá como meu cargo era webmaster, então eu fazia atualização dos sites, eram sites estáticos, então eu fazia, cuidava da atualização de design, conteúdo, né, dos sites. Aí em 2004 surgiu a primeira lei que mencionava sobre Acessibilidade digital, eu não lembro agora o número dela, mas era uma lei que falava que os sites governamentais eles tinham que ser acessíveis para pessoas com deficiência visual. Ela só apontava isso, né? Deficiência visual. E ela tinha também algumas outras questões delicadas, mas foi a primeira lei que falava sobre Acessibilidade em sites. E quando surgiu essa lei, eu comecei a estudar, né? Tinha até uma preocupação, será que o NIC, ele entraria nesse processo? Ele é órgão governamental? Não é? No fim, não é um órgão governamental, não é o NIC.br, ele é uma instituição sem fins lucrativos.

Mas aí eu encasquetei com essa questão da Acessibilidade. Eu falei, eu vou, eu vou comprar esse desafio. Aí eu comecei a trabalhar para poder trazer a questão da Acessibilidade para dentro dos sites da instituição. Então comecei a me envolver com Acessibilidade em todos os sites, né? Desde o comitê gestor, do NIC e do Registo também.

E aí eu comecei a estudar um pouco mais de Acessibilidade, aí surgiu WCAG 2.0 em 2008, e quando ele surgiu, ele mudou bastante do que eu já conhecia de Acessibilidade. Estava é me familiarizando ainda.

E aí tem uma história engraçada que eu gosto de contar, que quando surgiu do WCAG 2.0, eu queria estudar, queria me aprofundar nesse material, e aí eu fiz um arquivo de PowerPoint com aproximadamente 950 slide para poder estudar a documentação, eu peguei todos os critérios de Acessibilidade, todas as técnicas aconselhadas, as técnicas obrigatórias. Estudei todas elas, botei todas elas no PowerPoint para poder estudar. Isso ajudou a entender melhor essas diretrizes. Então aí comecei a me envolver com esse tema aí. Em 20um um foi instalado o escritório de W3C no Brasil, né? Hospedado no NIC.br.

E aí, por eu já está lidando com a Acessibilidade, o pessoal do W3C Brasil me convidou para trabalhar com eles. O Wagner Diniz, que era o gerente lá do escritório lá do W3C Brasil, ele me chamou para trabalhar com eles, principalmente para lidar com as questões relacionadas a open web, Acessibilidade. Então, a partir daí eu comecei a me envolver de forma, não só estudando o conteúdo e implementando, mas trabalhando como Evangelista dessa desse tema, então aí eu comecei a dar palestras, comecei a me envolver com o tema de forma mais ativa.

A gente começou a criar projetos incríveis, né? Teve um prêmio de Acessibilidade que a gente fez, a tradução autorizada do W3C 2.0 a gente coordenou lá no NIC.BR, então a gente começou a se envolver com uma série de atividades.

E aí foi, foi muito bom. Acho que a gente começa a se envolver com um tema que a gente gosta e aí fica muito fácil trabalhar com ele, né? Então hoje, olhando para trás assim, de todo esse tempo, é legal ver todo esse todo esse monte de projetos, trabalhos, documentação que a gente conseguiu trazer para fomentar a Acessibilidade. E aí o que eu acho interessante ir fazendo uma relação com atuais e mais antigas, né? Quando eu resolvi escrever o livro sobre Acessibilidade, né?

Eu ficava sempre pensando, é? Não, não adianta. Faz simplesmente escrever sobre a documentação de Acessibilidade. Eu queria que eu queria ter um livro que eu tivesse encontrado quando eu estava começando, para que eu não tivesse que ler todo aquele monte de documentos e ter que interpretar aquele monte de documentos. Então, hoje a gente tem muito material legal, muito material disponível, que facilita essa compreensão da Acessibilidade.

E a ideia do livro foi essa, tentar trazer uma linguagem mais simples, e eu gosto muito de trazer um conceito que a gente chama de é eliminação de Barreiras de acesso, porque quando a gente fala de Acessibilidade, parece uma coisa binária, ou você está acessível ou não está, e Acessibilidade é uma coisa muito mais ampla. Não é?

A ideia do livro foi ensinar técnicas de como você eliminar Barreiras de acesso, então, quanto mais Barreiras você eliminar, mais gente você consegue trazer para a Acessibilidade.

Bom, foi por aí, não vou tomar também. É tópicos de outros outras perguntas aqui não.

Wagner Beethoven: Eu lembro que quando eu comecei, há um tempo atrás, é teu nome sempre estava na roda, né? Assim, então estudar Acessibilidade sempre tinha Reinaldo por trás. Eu disse, “danou-se, o caba” ... Vou me aproximar. E aí sempre que você lança o material, eu estou consumindo. Teu livro é muito bacana de ler, principalmente pelo jeito como ele é escrito, sabe? Ele faz com que qualquer pessoa que... por exemplo, se dê para um adolescente ler, possivelmente ele vai ler e vai absorver bastante coisa, sabe? Não um conteúdo nichado.

Mas assim, puxando mais sobre esse, parte de dessa construção desse NIC.br, escrito da W3C, né? É? Quais são as principais diferenças entre esses 2 órgãos, quais objetivos? o foco? quais são as atividades e quais são as principais iniciativas que o NIC.br ele consegue fazer aqui no país?

Reinaldo Ferraz: Bom, é um é um espectro muito amplo, né? A gente pode começar primeiro com o comitê gestor da internet. É o comitê gestor da internet foi criado é ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, que era um comitê para poder liderar as iniciativas de desenvolvimento da internet no Brasil. Foi, se não me engano, foi 95, a criação do Comité de Gestor da Internet. E esse comitê, ele é composto por metade da sociedade civil e metade de governo, né? Então os membros do governo são indicados e a sociedade civil é eleita. E aí o comitê gestor ele toma é ele, esse grupo, ele é discute para definir ações e iniciativas para melhoria da internet, então, a partir daí, você tem uma instituição que é a NIC.br, que executa as decisões do comitê gestor.

For então, por exemplo, uma das áreas do NIC.br, que é talvez a mais popular, é o Registro.br. É onde a gente registra os nomes de domínios .br. Então tudo que for terminação .br.com, .br.org.br, tudo é registrado dentro do registro BR, que é uma área do NIC.br.

E aí? Tem outras áreas também da do NIC tem área de um centro de estudos sobre tratamento incidente de segurança que publicam reports de segurança no Brasil, tem um departamento sobre pesquisas de uso de internet, tecnologia no Brasil, tem uma área de redes e aí entra o W3C e o CEWEB, O W3C Brasil, ele chega num... ele chega hospedado no NIC, né? Para poder começar a lidar com a camada mais superficial da internet, que é a camada de aplicação, né? A web é uma aplicação da internet.

Então é, mas também uma aplicação extremamente importante, porque é a partir dela que a gente tem a popularização do acesso para o ser humano. A na verdade, a facilitação do acesso do ser humano. Então a gente não precisa mais ter um terminal, a gente não precisa instalar um software tipo mIRC ou uma coisa mais complexa para pessoas que não têm conhecimento técnico. E você tem um navegador que permite você fazer qualquer coisa, então?

A partir do navegador a gente consegue é fazer compra, rede social, a gente consegue participar de discussões, né, participar de uma chamada de vídeo pelo navegador. Então, a ideia do W3, da chegada do W3C Brasil é isso, para a gente poder trazer a camada da web, né? Pra gente, pro pra que o as decisões do comitê gestor que envolvem a web, elas também sejam contempladas. Só que o W3C, ele é um consórcio de desenvolvimento de padrões, né? Então a gente a gente estava muito, muito ligado com as iniciativas do W3C Internacional. E aí em 2015 foi criado o Ceweb, o Ceweb é um centro de estudos sobre tecnologia web que vem para poder promover estudos, experimentação e trabalhar mais a fundo com questões que o W3C ele não o trata. Então a gente sempre lida com 2 chapéus, né? Um da padronização que é o do W3C e aí quando interessa a gente troca pro de estudos e experimentação. Agora operação.

Reinaldo Ferraz: aí o Ceweb, ele entra para poder fazer, por exemplo, pesquisas sobre uso da internet. Na verdade, não, não seria bem uso da internet, seria, sobretudo pesquisas sobre a web em geral, então a gente tem publicado vários artigos, várias publicações em eventos e publicações científicas sobre o uso da web, né? Então a gente faz pesquisas, a gente também promove iniciativas para poder estimular o uso da web. Então a gente tem uma série de projetos, né? Talvez hoje o projeto que eu estou envolvido e que demanda um tempo imenso, é uma norma da ABNT que está sendo trabalhada sobre a web.

O princípio a gente podia falar, nossa, é só usar o WCAG, né? Pra que que a gente vai criar uma norma? Só que tem toda uma questão burocrática para que a gente consiga que o artigo 63 da LBI ele seja é ele possa ser regulamentado, né? Então a gente tem um artigo 63 que fala que os sites, eles têm que ser acessíveis, seguindo diretrizes internacionais. Só que essas diretrizes, elas estão em inglês. Você tem aqui uma ABNT, que é uma associação de normas técnicas.

Então o que que a gente está querendo fazer, trazer essas diretrizes de uma forma mais simples, na verdade, trazer essas diretrizes para dentro da ABNT, para que a pessoa que vai seguir essa norma técnica, ela esteja também em conformidade com o WCAG ideia é que a gente não crie uma jabuticaba, né? Que Ah, é um é um padrão específico do Brasil, não, a gente só tá facilitando a compreensão do WCAG. Então tudo que tá dentro do WCAG tá dentro dessa norma. E a dificuldade que é a gente tem nesse trabalho é que a gente tem que trabalhar em consenso com um grupo enorme de pessoas muito especialistas.

Cada reunião da ABNT é uma aula de Acessibilidade, porque tem muita gente boa participando e é um trabalho de entrar a fundo nas diretrizes, né? De você olhar um detalhe do detalhe do detalhe das diretrizes para poder entender o que que aquilo realmente quer dizer, né? Então é o trabalho que eu espero que ainda esse ano saia, né? Uma norma técnica de Acessibilidade digital, ainda esse ano 2024, né, que ainda sai uma norma técnica baseada no WCAG, então, mas tem uma série de outras atividades que a gente está fazendo aí também de Acessibilidade.

Wagner Beethoven: É, eu sinto que ABNT é muito burocrática, né? Aí o meu medo é que a W3C as normas já são muito complexas juntando com a complexidade da ABNT, um negócio fique ainda mais complexo. Mas eu sei que a ideia é que é essa disseminação, essa informação ser diluída para que a sociedade inteira consiga conversar com mais facilidade, né? E aí é trazendo esse cenário, Reinaldo, eu queria saber quais são os maiores desafios que você encontra na promoção e na disseminação de técnicas e práticas de Acessibilidade no Brasil, por exemplo, a legislação seria um problema para pontapé, esse salto da aplicação da Acessibilidade?

Reinaldo Ferraz: É, então eu diria um problema, mas talvez a questão da legislação, ela está colocada de uma forma que não fica claro que se tem que fazer. Daí entra aquele aquilo que eu falei, que as pessoas tratam Acessibilidade de forma binária. Assim não, você tem que estar acessível, parece que você tem um botão e tudo fica lindo, maravilhoso e acessível. E não é bem assim.

Então, para isso, precisa ter uma orientação técnica do que se fazer, não é? E aí quando você fala da ABNT, né, que ela é mais burocrática e tudo, a gente sempre lembra dos trabalhos de escola, né? Daquelas. É daquelas diretrizes, né? E técnicas complexas que tinha, mas, na verdade, o que a gente está tentando fazer é facilitar isso. Por exemplo, dentro desse documento da ABNT a gente está fazendo checklist com todas as diretrizes de Acessibilidade, mas explicadas de forma clara então o que que você tem que fazer para cumprir aquele critério de Acessibilidade no W3C, então a ideia é tentar facilitar esse processo e eu acho que é isso.

O que falta em dia, primeiro você acha que tem que ter uma legislação que seja seguida de verdade, porque hoje o que a gente tem são sistemas que hoje, quando tem problema de Acessibilidade, é uma pessoa vai lá e denuncia para o Ministério público ou então entra com uma ação e aí são coisas individuais, não é? E aí o no fim você tem o Ministério público sem um aparelho para poder entender se aquilo é acessível ou não, para poder julgar essas questões. Então eu acho que quando a gente traz mais ferramentas que acho que uma norma técnica da ABNT é uma ferramenta. Ela é uma ferramenta para poder facilitar essa conformidade com a Acessibilidade e aí facilitando essa conformidade, eu acho que tem essa facilidade também dos órgãos que cuidam dos direitos do cidadão. Eles possam também entender melhor essa questão da Acessibilidade, mas eu acho que tem uma série de questões.

Eu sempre penso que, quando eu comecei a trabalhar com Acessibilidade, a gente tinha uma dificuldade muito grande em achar conteúdo sobre isso. Tinha pouca gente que escrevia sobre isso, né? Tinha a Leda (Spelta), o MAQ (Marco Antônio de Queiroz) e o Horácio Soares são as pessoas que eu consumia conteúdo deles para poder entender sobre Acessibilidade. Maujor, também escrevia um pouco sobre Acessibilidade. Então hoje a gente tem muito mais gente falando sobre esse tema. Acho que está se a gente procurar por Acessibilidade digital, a gente vai achar uma infinidade material, inclusive em português, então... Mas, por outro lado, ainda tem muita gente que desconhece as questões de Acessibilidade.

Então, você tem instituições que ensinam você a desenvolver ensi... na verdade, às vezes até ensinam ... em vez de ensinar você a desenvolver ensinam framework para você já fazer um aplicativo direto, né? Só que não passa pela Acessibilidade. Ela, eles começam a ensinar, ensinam a tecnologia, mas não entra em detalhes sobre a Acessibilidade. Então eu acho que todo o curso de tecnologia deveria ter uma disciplina de Acessibilidade, pelo menos uma disciplina curta para explicar o básico de Acessibilidade para as pessoas entenderem essa questão da Acessibilidade.

Então eu acho que tem a questão de legislação que ela ainda é branda, ela tá lá, mas ela acaba não sendo cumprida. Mas eu acho que tem também a questão do desconhecimento não só das pessoas que estão desenvolvendo aplicações, mas também do mercado que ensina sem se preocupar com Acessibilidade. Claro, não estou generalizando. Tem várias instituições que têm cursos de desenvolvimento que abordam Acessibilidade, mas a gente ainda tem muito ainda para levar da Acessibilidade.

Wagner Beethoven: A gente trata muito, é essas instituições que fazem a obrigação delas, mas a maioria de fato não faz, não é? Isso é um problema bem Sério assim. Mas além de Acessibilidade, você coordena outros projetos, né? Com como um open web platafrm, digital publish e “Web das Coisas”, né? Esses temas, eles são interessantes, eu queria saber um pouquinho sobre esses projetos e se eles se relacionam com Acessibilidade de algum forno.

Reinaldo Ferraz: É, na verdade, todos esses projetos eles estão relacionados direto com a Acessibilidade. É muito legal porque esses são temas dentro do próprio W3C. Todos esses temas eles têm que passar pelo crivo da iniciativa de Acessibilidade no W3C, que é a WAI. Então, por exemplo, quando sai um padrão novo? Ah, sai um HTML, uma nova versão do HTML. Quando sai essa nova versão? Ela passa por esse crivo, para poder garantir que tudo que está sendo colocado ali esteja, é disponível, que seja disponível na árvore de Acessibilidade, né? Que as pessoas possam utilizar, um leitor de tela, possam utilizar... é que seja que... não seja invisível para a tecnologia assistiva, mas no fim esses projetos são interessantes porque são, são temas que a gente trata assim com, são temas que não são tão recentes, mas eles têm várias ramificações no mercado atual, né? Por exemplo, open web platform, é tentar trabalhar, é, na verdade, é assim, open web platform é trabalhar com a as tecnologias base do W3C. Então fomentar o uso de padrões abertos, né? Não só HTML, CSS. Javascript, mas uma série de outros padrões, né? Inclusive padrões de dados abertos, né? Padrões técnicos que sejam abertos, né? Que a gente possibilite o uso e até reuso da dessas tecnologias.

Já o digital publish é uma iniciativa para publicações digitais. Então eu participo do grupo de publicações digitais do W3C Internacional e a gente aqui no Brasil tem feito alguns experimentos com publicações digitais, que é basicamente o formato é epub, né? E o formato é epub. Ele é legal porque ele é como se ele fosse um site encapsulado dentro de um arquivo epub, né? Se você tiver curiosidade de pegar um arquivo, é pub. É mudar a extensão final para .zip e descompactar. Você vai ver uma estrutura que é praticamente um site, tem o HTML, CSS, as imagens, tudo bonitinho, e a gente está tentando explorar um pouco esse potencial. A gente lançou um projeto, foi já faz uns 2 anos de publicação digital, que era um livro conectado, né? A ideia de um livro de matemática que tem exercícios. Só que esse livro, além de ser é conectado, ele é acessível. Então imagina um livro de matemática que em vez de que, em vez de você fazer os exercícios no papel, você tem um campo ou você tem alguns campos para você preencher a resposta, então.

Ele está seguindo as boas práticas de Acessibilidade. E o mais legal é que a gente fez um negócio bacana nesse livro que conforme o aluno responde, se ele estiver conectado, ele vai para uma base, a resposta vai para uma base de dados e essa base de dados gera uma aplicação um resultado que a gente pode reaproveitar, criar um painel de visualização. Então isso para a educação seria muito legal, principalmente para a gente garantir que todos os alunos, eles têm as mesmas possibilidades. Então um aluno aqui enxerga, um aluno que é, tem baixa visão, um aluno que tem mobilidade reduzida, ele vai ter. Eles vão estar todos no mesmo, no mesmo nível, né? Vão estar cada um com seu livro digital, podendo preencher, fazer esses exercícios. Então essa é uma iniciativa legal da gente tentar explorar um pouco mais até onde vai esse potencial do epub e participando também dessa construção junto com o W3C Internacional.

E o de “Web das Coisas” a gente vem acompanhando, né? Agora não tem acompanhado tanto, mas a gente fez um acompanhamento muito grande quando eles estavam desenvolvendo alguns padrões. E o legal de “Web das Coisas” é que eles não querem criar um novo padrão para a internet das coisas, eles querem simplesmente aproveitar os que existem no W3C para poder colocar na “Web das Coisas”, então tem um padrão que eu acho muito legal do “Web das Coisas”” acho que chama, Thing Description.

É um padrão que para você criar um arquivinho em formato JSON, que eles chamam como se fosse o index do dispositivo. Nesse arquivo JSON, você tem todas as formas de conectividade dele. Então, se você tem, por exemplo, uma lâmpada conectada e essa lâmpada, você tem um local que você hospede esse arquivo, esse JSON. Se você quiser conectar com outro dispositivo de uma outra marca, você tem todos os parâmetros já dentro desse documento.

Então é muito legal para você permitir a interoperabilidade, principalmente em dispositivos que são diferentes, né? De outros fornecedores que usam outros protocolos. Então a ideia é poder usar os padrões W3C para poder é implementar a questão de segurança, de privacidade e até Acessibilidade também. Mas não reinventar a rota, né? Só tentar trazer aquilo que vem sendo desenvolvido para mais perto.

Wagner Beethoven: Esses padrões são bacanas, porque quando eu estava estudando, fazendo uma pós em Design de Interação, o pessoal da turma queria fazer coisas supermodernas, né, conectadas e etc. E a turma basicamente toda de design não tinha esse conhecimento, né? De desses padrões além do cenário de design, né?

É, eu queria pedir licença a Reinaldo aqui para pedir uma coisa para quem está ouvindo, pedir apoio a esse projeto, porque é importante, né? A curtida, a inscrição e o comentário é gratuito. Ajuda o engajamento para essa conversa que a gente está tendo com o Reinaldo, ela alcance mais gente, né? E aí é, a gente passa agora para o bloco 2, que é para falar sobre a tua visão sobre a importância da Acessibilidade na web, certo? Como é que você encara? De fato, é importante ter Acessibilidade digital no Brasil, porquê?

Reinaldo Ferraz: É, eu acho que quando a gente traz um questionamento como esse. Eu acho que a gente tem que pensar que quando a gente trata a questão da web, a web, ela é uma interface da internet. É uma interface das aplicações da rede para conectar com o ser humano. Então, se a gente quer que um ser humano utilize, é um, aplicação, ela tem que estar acessível porque as pessoas são diferentes, então você vai ter pessoas que talvez vão utilizar uma aplicação, por exemplo, em outro país que a leitura é da direita para esquerda, por exemplo, países orientais que têm um outro tipo de caracteres, outro tipo de navegação, outro tipo de uso, mas também a gente começa a pensar em algumas limitações que as pessoas podem ter com relação ao seu uso e limitações até técnicas, não é? Está utilizando um computador antigo, está utilizando um celular que tem pouco poder de processamento e Acessibilidade, ela também entra nisso, né? Pensar que a gente tem que garantir o acesso de todas as pessoas, né? Garantir que uma pessoa cega ela tenha as mesmas oportunidades que uma pessoa vidente.

Que é, se ela tiver participando de uma de uma prova, ela tenha, ela tem os mesmos direitos, né, de participar. O que acaba acontecendo, muitas vezes você tem aplicações que não são acessíveis e aí a pessoa com deficiência acaba sendo prejudicada. Quando a deficiência está na aplicação que está com que tem essa Barreira, né? Então a gente tem que garantir. Acho que a para mim, acho que a Acessibilidade na web, ela representa igualdade, igualdade de oportunidades e igualdade de, na verdade, acho que seria igualdade de oportunidades, de direitos iguais, para que todas as pessoas consigam utilizar da mesma forma. E eu acho que muitas vezes a Acessibilidade acaba sendo deixa de lado, porque em alguns casos as pessoas acham que não tem a ver com elas, né? Ah, não, não me preocupar com Acessibilidade eu não tenho é, não conheço pessoas com deficiência, com público, não é pessoal, não é pessoa com deficiência, não tem familiares, não tem deficiência e muitas vezes esquece que a Acessibilidade ela beneficia as pessoas em vários aspectos. Não é, por exemplo, um áudio livro que você que a pessoa pode ler num... utilizar para ouvindo no celular, ele pode ser utilizado para a pessoa que está indo trabalhar de metrô, colocou o celular no bolso e fica escutando um áudio livro, né? É quando você trata a questão de contraste, né? Pessoas com baixa visão, elas podem ser beneficiadas, mas às vezes você teve que fazer uma algo na vista e talvez você teve que dilatar a visão, teve que dilatar a vista. E você, no fim, pode ter dificuldades para poder enxergar. Precisa aumentar tamanho de fonte? Então a gente tem que pensar que a Acessibilidade, ela é para todo mundo.

Não é pensar que Acessibilidade é só para só para pessoas com deficiência. A gente tem que pensar que a Acessibilidade ela deixa tudo mais fácil para todo mundo. E eu acho que quando a gente botar isso na cabeça, eu acho que vai ficar muito mais fácil a gente começar a tratar esse tema, porque a gente vai lembrar que a gente desenvolve aplicações para pessoas, são pessoas que estão consumindo esse conteúdo e as pessoas elas utilizam as aplicações de forma diferente, né?

Wagner Beethoven: É quando você está falando aí sobre pessoas, e fala muito sobre aplicações e essa aplicabilidade da Acessibilidade é geralmente para quem está trabalhando em mercado. É mais fácil você trazer dados de pesquisa, apresenta direção, é um exemplo claro que eu vivi o ano passado foi é a aplicação de algumas melhorias de interface e a direção não aceitava, fiz uma pesquisa, constatei que as pessoas que trabalham no software da empresa que eu trabalho, elas são pessoas mais velhas, passam muito tempo na empresa, 10, 15, 20 anos, e aí essas pessoas já não têm a mesma habilidade que tinham, então aí eu consigo conseguir trazer algumas melhorias, né? Teclado de atalho, mudança de contraste, aumento de letras, esse tipo de coisa para tentar fazer com que as pessoas entendam que não é sobre elas, né?

Quem está desenvolvendo não é o público-alvo, né? É mais sobre as pessoas. E outro exemplo, claro também é quando a gente imagina que conta de banco. Eu me peguei espantado, porque no meio da pandemia eu não sabia que tanta gente não tinha conta de banco. Para mim, o normal era ter, sabe? Depois que eu vi aquela lista de gente, eu disse, realmente o Brasil não conheço por isso eu acho nem 5% da pluralidade do país, né? Então é importante essa aplicação desse pensamento plural, né?

Reinaldo Ferraz: Né? O Brasil é muito grande. E se a gente for usar uma régua só do que está próximo da gente, a gente acaba deixando muita gente de fora, né? Deixa muita gente de lado. Achar que todo mundo consegue enxergar aquele botãozinho pequeno, aquele contraste, está muito bonito, está muito legal, mas talvez pode ter gente que não enxugue aquilo. Você vai ter que ajustar isso, não é? Vai ter que melhorar isso?

Então eu acho que educação é o ponto principal, não é a gente trazer dados, a gente ter, é... material para poder embasar essas decisões, essa história que você contou do se... inicial, né? Do dos dados, né? De usuários é, é muito. Era muito rica porque você ofereceu uma melhoria e você teve que trazer dados para poder justificar essa melhoria? Não, não foi simplesmente falar, olha, e se a gente melhorasse isso daqui, porque talvez as pessoas podem ter um pouco mais de facilidade. Não, não, não precisa é falar não. Eu vou trazer então, dados para isso. É quando a gente acha que deveria ser algo natural, né?

Wagner Beethoven: É mais para justificar o aumento do prazo das entregas, sabe? Não, mas vai demorar e etc, disse. Não, a gente vai demorar, mas eu tenho que voltar em algum momento para melhorar de novo. Então vou agora, né? Cadastrar minhas dinheiro, né? A gente tem falado muito sobre essa educação e Acessibilidade. Só que fosse autor de um livro muito bom da Casa do Código, autor de artigos e de outras publicações sobre Acessibilidade na internet, teu blog é cheio de experimento, muito bacana. Você é uma pessoa muito paciente, você pública, espera o Google indexar dar um update no artigo e ec., mas aí é, qual o papel da educação nessa nessa implantação da da Acessibilidade, né, como é que enxerga que só mudando, só tendo vários Reinaldos para poder melhorar ou existe algum outro meio para que as pessoas tenham mais consciência?

Reinaldo Ferraz: Não espera que não precise isso, não. Eu já estou pensando em me aposentar, estou querendo ver quem é que já está fazendo isso para poder, para poder seguir adiante, porque tem muita gente boa é trabalhando, mas eu acho que é a gente não precisa ter só esses especialistas, né? Que tanto alguns dos especialistas precisam, até trazendo aqui no podcast, né? Trouxe edições anteriores.

É, eu acho que não. A gente não precisa esperar por eles. Acho que essas pessoas, elas ajudam a trazer mais, trazer o tema à tona, né? Trazer mais luz, trazer colocar o tema em evidência, né? Então você pega uma pessoa, por exemplo, o Marcelo Sales, que está sempre publicando coisa, publica coisa no LinkedIn, comenta, faz vídeo, coloca coisa no Instagram. Então ele está movimentando, né? Essa, esse cenário da Acessibilidade. As pessoas às vezes chegam naquele post, talvez republicado de algum outro lugar, e pensa, Ah, mas que que é isso daqui? E começa a se envolver. Eu acho que educação ela é essencial. É como a gente estava comentando antes, eu acho que a gente tinha que ter uma disciplina de Acessibilidade nos cursos, no curso que dou na PUC, né, que você também participou, né? É, eu acho, uma coisa que eu gosto sempre de lembrar é que o objetivo de um curso desse curso de Design de Interfaces Acessíveis, o objetivo é que a tenha que acabar com ele, porque eu acho um absurdo, a gente tem que ter um curso de extensão de Acessibilidade. Eu acho que Acessibilidade tem que estar no básico. Acessibilidade ela tem que estar no quando você começar a aprender HTML, quando você começar a aprender o básico do desenvolvimento, qualquer técnica de desenvolvimento de design tem que estar envolvida com Acessibilidade.

E sobre a questão do livro, do blog eu não sei, eu sou muito fuçador, que tem 2 características que me trazem nesse aspeto, porque eu sou muito fuçador e gosto de escrever.

Então, a ideia do livro surgiu, né? Com esse, com essa ideia de tentar condensar esse material de estudo, mas por ser um por tentar trazer uma documentação que eu gostaria que tivesse quando eu comecei a aprender Acessibilidade, mas o blog ele funciona meio como um hobby, né? De até me questiono se ainda tem gente que lê, né? Porque tudo hoje em vídeo, qualquer coisa que você busca está em vídeo.

E eu acho que é um é uma forma de resistência. Continuar escrevendo, acho que além de exercitar a nossa, a nossa linguagem, acho que as nossas técnicas de comunicação, eu acho que ajuda a gente a colocar mais conteúdo em texto, eu sinto que falta muito, falta muito conteúdo em texto, principalmente esses experimentos que são é tão relacionado com eu falo “escovação de bit”, né? Que aí no detalhe do detalhe do detalhe, é, é muito mais legal você pegar um texto em direto onde você quer do que ter que pegar um vídeo no YouTube e ficar passando, né? A minutagem para saber onde é, né? Talvez o vídeo não daria 10 minutos, mas é um texto que, uma leitura rápida você consegue chegar aonde você quer. Então é, eu até é, gostaria até de estimular outras pessoas a... essa questão da curiosidade, não é? como que as coisas funcionam, né? A gente pensa, por que é que acontece isso? porque é que quando eu navego de tal forma, acontece isso, sabe? A gente poder experimentar, né, fazer testes, né, fazer alguns experimentos, nunca achei que eu me diverti muito de fazer, foi o de fazer um site totalmente inacessível, só que ele passa com nota boa nos validadores automáticos.

Então é um site que a gente não consegue ver nada, porque ele tem uma camada branca por cima. O código fonte dele está bonitinho, está? Está válido o HTML, só que você não consegue acessar. Ele não é acessível por leitor de tela, você não consegue navegar por teclado, não consegue clicar em link, não consegue enxergar.

E aí, é uma experiência interessante, porque entra nesse contraste. Bom, eu posso criar alguma coisa que para a bolar essas ferramentas, né? Claro, a ideia não é demonizar as ferramentas. Elas são úteis, mas a gente tem que tomar cuidado e mostrar que o que a gente está fazendo é para o ser humano. Então eu queria é, acho que talvez aproveitar aqui e estimular é essa, essa curiosidade, né? Se você tem, tem dúvida, quer saber como é que funciona? Vai lá, pesquisa, se mete também, escreve um post no blog. É muito divertido e muito gratificante.

Wagner Beethoven: O bacana dessas essas experiências, essa que você falou mesmo, ela joga um par de terra nessas ferramentas de automatização de verificação, né? Acrescenta a importância do profissional de fato a saber o que está fazendo e não a confiar, “opa, desenvolvedor passou na ferramenta, tá ok, mas não sabe justificar o porquê, tá certo?” E aí, esse tipo de coisa é bacana.

O curso que tu faz, Reinaldo. Ele é muito bom porque, primeiro você tem uma didática sensacional, é um trata um assunto com muita leveza. Você traz muito para si, seu trabalho, né? Você fala muito da sua... Num tempo que você começava a começou era, Internet discada você traz problemas da internet discada, você meio que puxa esse background que você viveu e tenta passar, na aula, né? E aí é, recentemente você falou num num Congresso em Singapura, ou The Web Conference, num paper, chamado, “Me The Web and digital acessibility”. Eu queria saber como é que foi a experiência, né? De falar num num local tão importante sobre tua história, né?

Reinaldo Ferraz: É esse, foi esse. Acho que foi um Marco que eu vou acho que na lembrar por um bom tempo. Acho que foi um Marco muito importante para mim, porque bom, A Web Conference. Ela é uma das principais, senão a principal conferência sobre web. Ela existe desde 94 e, tanto que os artigos publicados, se você vê os artigos de 94, 95, quem publicou foi Tim Berners-Lee contando sobre o “web semântica”.

Só os principais nomes que atuaram no desenvolvimento da web, eles participaram ou eles apresentaram coisas? Eles trouxeram conteúdo para essa conferência e é uma conferência acadêmica, então ela tem um nível alto de seleção, de trabalhos, né? Então acho que isso é outro motivo que me deixa muito feliz de ter esse artigo selecionado. Mas é o que que aconteceu nos últimos anos. Eu não vou lembrar quanto, mas talvez uns 2, 3 anos atrás.

Mas eles criaram uma nova trilha, é chamada história da web. Eles já tinham várias trilhas, né? Principalmente trilhas para pesquisadores, trilhas, é... relacionadas a outras questões de desenvolvimento tecnológico da web. Tanto que muita coisa que a gente vê nessa conferência que a gente assiste nessa conferência é daqui 2, 3 anos já se começa a se discutir fora dela. Então foi muito interessante... só fazendo parêntesis rápido, eu já volto na trilha, mas foi muito interessante.

Mas enquanto a gente está aqui falando sobre IA generativa, né, está se falando sobre inteligência artificial, chave do GPT? Lá já estão pesquisando o que eles chamam de... Como é que é? Artifical General Inteligence, que é você ter uma evolução dessa inteligência artificial e já estão discutindo inteligência artificial embutida no site, né? Então você tem um canal de notícias, essas que você talvez não vá mais ter links para pesquisar, você para navegar, você vai perguntar para o site que notícia que você quer ver. Ele vai começar a montar as notícias agora. Então é muito legal ver, assistir, assistir, esses pesquisadores e entender assim que daqui a poucos anos a gente vai ter mudanças significativas. No uso da web, mas aí voltando, eles têm essas várias trilhas, não é de pesquisa e tudo. Eles começaram a criar uma trilha sobre história da web.

E a ideia era trazer histórias, relatos, coisas para poder registrar a história da web. E aí eu disse, acho que talvez eu vou escrever um pouco sobre a minha, sobre a minha história, não é? Desde quando eu comecei os fatos curiosos, né? E fazendo uma relação com o desenvolvimento da web, principalmente no Brasil. Então foi muito legal, porque eu fiz uma relação quando eu comecei, quando a web, a quando a internet surgiu no Brasil, ela, foi em 190..., foi 1994. A web ela, a internet comercial foi lançada no Brasil. Ela já existia antes, se não me engano, acho que 80 e 80 e pouquinho a internet já existia só no ambiente académico. Em 94 ela foi, ela foi aberta por uso comercial.

94, estava começando a trabalhar como office-boy e aí, a ideia era fazer um pouco essa referência, comecei a trabalhar com office-boy e aí foi meu primeiro contato com o computador, que era uma mesa da secretária que estava sempre atrasada, e eu comecei a aprender sobre, (MS-)Dos, Lotus123, Print master. E aí eu comecei a me envolver com tecnologia e aí eu fui contando um pouco dessa história. O paper, ele é sobre isso, contando essa história. Ah, quando eu me envolvi com a web pela primeira vez, o primeiro site que eu fiz quando eu comecei a lidar com javascript, estava tendo a guerra dos browsers, não é entre internet Explorer e Netscape.

Então não foi legal poder fazer esse, essa comparação e o feedback dos avaliadores foi muito legal, é? Eles falam, “poxa, é isso que a gente está procurando. A gente quer histórias e principalmente histórias fora do eixo Estados Unidos da Europa, né? Que a gente está lendo aqui um relato de alguém da América do sul, do Brasil, contando como foi a experiência dele uma web”, então foi muito legal. Eu fiquei muito feliz de poder, de poder apresentar esse trabalho. Ele agora está indexado também, lá nos é nos proceedings, né? Na publicação da conferência. Então é muito legal poder contar essa história para o mundo todo, assim detalhes de como eu me envolvi, essa história dos 950 slide, eu contei lá também quando eu comecei a estudar o WCAG, quando que eu fui convidado para trabalha no W3C Brasil, os projetos que eu desenvolvo, a história do livro também pude contar lá, então eu fiquei muito feliz de poder compartilhar essa história aí e poder pensar um pouco assim no impacto que a gente tem, né, às vezes a gente não consegue mensurar é até onde vai, né, o nosso trabalho.

Eu falei do blog, né, que às vezes eu eu questiono se tem alguém lendo, né? Aí às vezes eu vou dar uma olhada nas estatísticas, tem 7 pessoas online lendo um artigo específico, né? Falou poxa, que legal, né? Tem alguém pelo menos deixou aberto ali numa aba e tá lendo, né? Então é legal para a gente ter um pouco essa noção de que acho que o trabalho que a gente está deixando, né, um legado que a gente está, está deixando. Vai ser útil para quem vem aí pela frente para poder ajudar nesse tema de Acessibilidade.

Wagner Beethoven: É importante que se fala do passado, né? Esse passado ajuda a juventude hoje a entender como foi que a gente chegou. Isso aí é a gente está falando de é num episódio anterior do podcast eu te chamei, Bruno Pulis, aqui a gente falou muito sobre Inter web, é indie web e werings. Não é que é uma coisa antiga, mas que hoje o Google meio que está jogando fora a web de fato porque está anexando tudo dentro da inteligência artificial, né? Então já referência são jogada fora, né? E aí essa os blogues de fato com esse tipo de tecnologia, eles são relevantes, né? Quem tem tem pessoas que também que não gostam, nem eu tenho no blog, né? Porque acham diminutivo, né? Chama de site, portal e etc, né? Mas no fundo é só um veículo, né? Pode ser blog? Pode site, enfim.

A gente tá falando muito de passado e você trouxe futuro, né? Como é que você enxerga o futuro da Acessibilidade? Quais são as tendências, tecnologias que você acredita que terão impacto significativo. Aí a pergunta que me quer calar, a inteligência artificial ainda vai ser um tema relevante?

Reinaldo Ferraz: Ah, eu acho que sim. A inteligência artificial ela chegou para, chegou para ficar. Eu acho que que a gente tem que entender é como a inteligência artificial, ela vai poder ajudar a gente a criar aplicações mais acessíveis. E eu acho que ela ela tem uma tendência a trazer a tentar facilitar algumas coisas, só que eu acho que tem coisas que ainda dependem de um olhar humano, né? É quando a gente fala, por exemplo, de descrição de imagens. Hoje você tem ferramentas que fazem descrição de imagem de forma muito simples, né? O próprio Facebook, ele tenta descrever na foto que você publica ali. A questão é: aquela descrição, ela é realmente está realmente correta? Ela faz sentido com relação aquilo que está sendo apresentado.

Então eu acho que a inteligência artificial, ela sendo bem utilizada e bem guiada, ela vai ser um baita, uma baita de uma ferramenta pra gente. Uma das coisas que eu fico pensando, o quanto a inteligência artificial ela pode ajudar? Isso tem a ver até com um paper que eu vi lá na eu vi uma apresentação lá na Web Conference, eles estavam falando, eles fizeram uma aplicação que consegue fazer audiodescrição automática. Como que essa audiência automática? Ele tem um trecho de um vídeo, eles detectam onde não têm fala, onde está em silêncio e aí eles capturam a tela, pegam o frame daquela tela, jogam no Chat GPT, o Chat GPT descreve aquilo, eles colocam numa aplicação que transforma aquilo em áudio para colocar no tempo suficiente que ele tem de espaço, sem áudio, claro, isso daí é só é uma pesquisa acadêmica, ainda está se pesquisando, mas a gente já consegue ver a ações pra melhorar a Acessibilidade. Claro que tem que tem que sempre revisar se aquilo está certo ou não, mas eu vejo, eu tenho a sensação, a sensação, não acho que eu digo que uma é algo que eu gostaria muito de ver que a inteligência artificial começasse a fazer era você ter, por exemplo, um janela de libras que pudesse traduzir automaticamente, da mesma forma que você tem as legendas automáticas no YouTube, você tem uma forma de que essa que o áudio que está que está saindo, ele possa ir direto para uma janela de libras e possa automaticamente fazer essa tradução para libras. Isso é o tipo de coisa que eu adoraria ver a inteligência artificial fazendo. Eu acho que ela vai fazer, eu acho que, acredito que deve ter gente trabalhando, principalmente quem lida com esses, plugins de avatares, mas eu adoraria ver esse tipo de recurso funcionando, por isso que eu acho que a tendência no futuro é a gente ter mais facilidade para desenvolver por um lado as aplicações vão ficar mais complexas, eu acho que a gente vai ter mais framework, logo vai ter framework com uso de inteligência artificial embutido no meio.

As aplicações, elas vão ficar mais complexas, mas por outro lado, elas precisam de alguém que entenda o que é que está acontecendo ali no meio. Então porque é que esse campo de formulário aqui, ele não está se lindo por um leitor de tela. Então aí você vai ter que entender da Acessibilidade para poder entender se por que que aquele rótulo não está relacionado adequadamente.

Eu sou otimista com relação ao futuro. Eu acho que a tendência é a gente ter mais facilidade para desenvolver. Só que eu acho que a gente precisa de muita educação, a gente precisa que as pessoas comecem a entender que a questão da Acessibilidade, ela tem que estar envolvida em tudo. Ela tem que ser uma camada de desenvolvimento que que deve cobrir tudo, desde a inteligência artificial até realidade aumentada, realidade virtual, eu dei uma vez uma palestra na Meta sobre requisitos de Acessibilidade para a realidade virtual. Poxa, tem uma série de questões que a gente precisa se preocupar. Por exemplo, imagine uma pessoa que está num ambiente virtual e que ela é orientada pelo áudio, né? Então, conforme ela vai virando a cabeça, o áudio vai ficando mais, o volume vai aumentando de um lado no outro, se essa pessoa só tiver audição de um ouvido, isso pode atrapalhar a navegação dela.

Eu não estou dizendo pra gente não ter esse recurso, mas tem uma possibilidade da pessoa, por exemplo, ter um áudio em mono, ou então que as instruções não dependam só desse tipo de recurso de áudio. Então tudo o que a gente trata de novas aplicações, se a gente for olhar com cuidado, a WCAG, ele tá contemplado mesmo em aplicações que hoje ainda nem existem, sei lá, vamos pensar nos hologramas tipo Star Wars, né? A gente vai poder conversar alguém por holograma, não é? Cuidadso que a gente tem que ter para ser acessível esse holograma? A gente vai precisar pensar nisso, né? Será que as pessoas conseguem segurar um holograma? Será que as pessoas vão conseguir enxergar? Se tiver com muita luz no holograma, você vai ter que ter uma base de com contraste melhor? Eu não sei. Eu acho que as tecnologias, ainda vai surgir muito, mas a camada de Acessibilidade ela tem que tem todas.

Wagner Beethoven: Reinaldo, só nessa tua fala aí, tu já deu próximas funcionalidades pro Hand Talk, o vLibras pro pessoal desenvolver. E aí a holograma a gente já tem nem show, né? Só que aí, infelizmente, só na parte é de entretenimento, né

É aí eu queria também dizer para quem está ouvindo que essa conversa vai ficar disponível em áudio, tá? Nas plataformas de áudio e em vídeo, no YouTube e no Spotify. No Spotify, eu queria pedir para a galera é avaliar, que essa é bacana, fica lá, disponível e pedir para turma também seguir é redes do podcast no LinkedIn, Instagram, Twitter, TikTok, Facebook, Threads, Pinterest.

E aí agora a gente volta para as perguntas que seria de dicas, né, Reinaldo? Em 2023 tu foi reconhecido como prêmio do Link, né? Que é o Festival de Acessibilidade Digital na categoria profissional de Acessibilidade. Eu queria que... o que representa isso para tu? Tu se sente uma inspiração para as outras pessoas da área que estão começando?

Reinaldo Ferraz: Esse prémio acho que foi, foi muito legal, foi, foi muito bom ter recebido, porque acho que eu, como eu te falei, né, a gente às vezes não mensura o tamanho do nosso trabalho, né? Então a gente está sempre saindo, se colocando em público, dando palestra. A gente não sabe quanto isso acaba sendo, é importante para as pessoas. E aí a gente escuta às vezes um depoimento de alguém, “olha comecei a envolver com Acessibilidade por sua causa”, “fiz o meu TCC a partir de um artigo que você escreveu”, puxa esse tipo de coisa que que mexe com a gente, né, a gente.

Porque eu sempre penso no legado que a gente vai deixar. O que eu gostaria de deixar quando não tiver mais por aqui, né? O que eu te queria deixar? Ou então, quando eu parar de trabalhar, que que eu gostaria de deixar? Eu gostaria de deixar alguma coisa que pudesse ser útil, né? Que as pessoas pudessem utilizar e acho que talvez esse é o ponto, fico feliz quando algumas pessoas falam, “ah, você, você é uma referência”, “Eu acompanho as coisas que você faz”. Eu fico muito feliz porque eu acho que um estímulo a mais que a gente tem para poder continuar trabalhando, continuar se envolvendo com esse tema, né? Então é, é algo que eu fico muito feliz e eu espero que se eu se eu conseguir inspirar mais pessoas, que eu acho que esse é o meu objetivo, poder inspirar mais pessoas, aí eu posso aposentar em paz. Aí a gente eu posso estar tranquilo, que vai ter muita gente boa aí lidando com Acessibilidade.

Wagner Beethoven: É de trazer profissionais como você para esse tipo de veículo. É mostrar que é possível, né? Fazer tanta diferença, né, No trabalho e impactar a vida das pessoas, né? É, a gente trouxe também. Nessa conversa até agora se fala muito sobre a educação e que as falhas são muito professorais, você sempre é tem um tom evangelizador quando se fala é, eu queria saber se existe alguma dica que tu consegue dizer agora para as pessoas desenvolvedoras, design, programadores testadores. Eu sei que o escopo profissional gigantesco que eu trouxe agora, né? Mas existe alguma coisa que as pessoas podem fazer para conseguir ter mais impacto, tornas as ferramentas, sites... Não sei. Você pode até escolher um exemplo. “Aí eu implantei hoje essa melhoria, eu vou ter mais impacto de imediato, sabe? Para a turma sentir o gostinho da inovação e da Acessibilidade de perto”. Se tem alguma dica?

Reinaldo Ferraz: Eu costumo fazer uma, fazer uma analogia, o filme é ruim, mas a analogia é boa, aquele filme da Liga da Justiça, né? Que tem do Batman, o Flash. tem um diálogo que é o Batman com o Flash, o flash com medo de fazer as coisas, aí ele fala, “que eu tenho que fazer?”, daí o Batman fala, “salvar uma pessoa”, “aí como assim não salva uma só?” Ele vai lá e salva, falar, “opa, deu certo”, ele vai lá e aí ele vai e volta várias vezes, né?

E eu acho com Acessibilidade é isso a se a gente começar a colocar na nossa rotina do dia a dia pequenas boas práticas, sabe que que seja quando você vai começar a desenvolver um projeto, começa a estruturar seus cabeçalhos de forma adequada, começa a pensar um pouco no contraste, define uma taxa de contraste mínima para todos, o seu projeto começa a pensar na descrição das figuras que você está colocando, imagina, por exemplo um blog , o meu blog, ele é em WordPress é quando eu vou publicar uma imagem, eu sempre, sempre tenho que pensar na descrição que eu vou colocar. Eu vou olhar essa hierarquia de cabeçalhos ali, os elementos semânticos... sabe pequenos passos de cada vez e conforme você vai evoluindo, você começa a se envolver, você começa a achar que o interessante você começa a entrar num escopo maior e por isso nessa linha eu até iria recomendar para se alguém para começando com Acessibilidade, talvez não comece com o WCAG, procure posts, tem até o meu livro, tem o material do Marcelo Sales, tem o repositório do Bruno Pulis também. São materiais incríveis sobre Acessibilidade antes de entrar no WCAG, porque senão, quando a gente olha o WCAG pela primeira vez, ele assusta. Ele é longo, ele é complexo, ele tem um monte de links para centenas de documentos. Então quando a gente começa, por exemplo, com o guia WCAG do Marcelo Sales, que são carnes que cada um dos cards, explica, dá um resumo do que são essas diretrizes.

É muito mais amigável ou muito mais fácil para a gente poder consumir conteúdo. Então é por isso que eu acho que vamos. Vamos aos poucos, né? Começa implementando boas práticas, começa a com uma prática específica, depois você vai aumentando, começa a estudar esse material de apoio, começa a ler posts e blog, começa a ler, pegar vídeos no YouTube. Tem canais no YouTube que falam também muito sobre a Acessibilidade.

A partir daí, aí você entra na WCAG. Porque quando você já tem essa experiência inicial, principalmente sabendo como as pessoas com deficiência navegam como como funcionam as tecnologias assistivas, é muito mais fácil da gente poder compreender o que a que a gente precisa fazer para tornar aquele conteúdo acessível. Porque se for direto para WCAGA, gente pode ter problema. Inclusive tem um curso que é muito interessante, que o curso do próprio W3C que está na plataforma, esse nome da plataforma.

É uma plataforma Internacional, vamos ver se eu lembro ela, mas tem um curso de Acessibilidade, de introdução, Acessibilidade digital, do próprio W3C, que eles começam o curso dizendo, antes de ir para o WCAG a gente vai entender como as pessoas com deficiência navegam, quais são as tecnologias que elas utilizam, quais as barretas que elas encontram, depois a gente vai começar as diretrizes e eu acho que isso é fundamental para que as pessoas consigam, para que elas não desistam de lidar com a Acessibilidade, porque se for direto para o WCAG, “Ah, não, isso é muito complicado, não. Isso aí não dá, é muito grande e eu desisto de fazer”, né?

Wagner Beethoven: É importante a gente entender como é que o outro funciona para depois melhorar a vida do outro, né? Então, para ter empatia, só consigo ter se eu tiver conhecimento, né? Todo mundo que vem aqui é Reinaldo compartilha muita coisa. E aí eu queria pedir para, se você puder recomendar materiais de desenvolvedores ou designers, pode ser o que você já falou ao dessa conversa para quem está começando aqui, quer aprender sobre Acessibilidade? Aí eu queria pedir oficialmente, né? Que seja. Falou um bocado aí.

Reinaldo Ferraz: É difícil porque tem, acho que até de algumas pessoas que já participaram aí do podcast. Eu gosto muito do repositório, do Bruno Pulis, Awesome Accessibility, é um baita de um repositório, com muito material. Acho que talvez você tem listado as principais documentações, referências, livros, tem uma série de conteúdos sobre Acessibilidade, tem lista até de pessoas que lidam com Acessibilidade, perfis no Twitter, Instagram, é um, é um baita de um repositório, né? E acho muito legal porque é um repositório que a ideia é que você pode se possa submeter coisas para que possa ser acrescentado, então esse é o material que vale, vale muito a pena. Bom, até lembrando também do Marcelo Sales, né, que a gente estava falando do Guia WCAG, né? Acho que tem tanto guia da Guia WCAG que eu utilizo nas aulas. Eu acho que a gente tem que facilitar a compreensão dessa documentação é e não só o guia, né? O Marcelo tem um curso também gigantesco sobre Acessibilidade digital que para quem quer entrar mesmo nesse mundo de Acessibilidade digital de forma bem completa, eu acho que é um é um curso bem interessante. Eu acho que não podia deixar de fora também o material da da Talita Pagani que aborda né, é o Gaia, né, que é o guia de Acessibilidade pra é limitação cognitivas e espectro autista, né? Então? É uma documentação incrível porque vai além da questão técnica. Então pensar em como escrever um texto que possa ser menos complexo pra pessoas com limitações produtivas, né? Pensar um como a gente deve fazer um design que não seja agressivo, que não seja que não fique piscando o conteúdo na tela, que pode causar distração para as pessoas?

Então acho que esses 3 materiais que eu começaria para poder listar. Acho que são 3 materiais que o é que eu uso bastante. O guia da Talita está sempre comigo, está sempre também fazendo parte das minhas aulas. Os posts do Bruno também sempre têm no meio das do das aulas, sempre eu deixo um post dele ali para a gente falar sobre questões técnicas. E o Guia WCAG do Marcelo Sales, é imperdível antes da gente começar a lidar com a documentação oficial.

Wagner Beethoven: É, antes de finalizar, Reinaldo, eu queria registrar aqui, muito obrigado pelo material que tu compartilha na comunidade há tanto tempo, né? Trabalho é muito bom, e também queria agradecer que você abriu sua agenda, separou um tempo para conversar comigo. E para finalizar, eu queria perguntar onde é que a gente encontra informações sobre o seu trabalho, sobre a W3C Brasil e queria deixar um espaço para você compartilhar o que você quisesse aqui.

Reinaldo Ferraz: Eu acho que com relação W3C Brasi, a gente acabaria lindando sempre Ceweb e W3C Brasil. Então talvez entrar pelo site do CewebBR, né? www.ceweb.br, C, E, W ponto B, R. Lá está listado todo o nosso material, inclusive tem um acervo muito legal no Ceweb que junta todos os materiais que a gente já publicou, artigos, palestras, pesquisas, cartilhas, né? As cartilhas e Acessibilidade estão todas lá nesse material do Ceweb, então eu acho que eu recomendaria, eu acho que por aí pra pra começar.

Bom, pra me encontrar por aí é só procurar por Reinaldo Ferraz. Redes sociais, as todas as principais redes sociais eu tô por aí, né? No comecei agora no Threads né? Estou gostando agora do Threads também, é, então você me encontra no Threads, Instagram, LinkedIn tem até TikTok também, mas no TikTok é um outro tipo de conteúdo que eu estava experimentando alguns formatos, né? É, eu fazia conteúdo, agora parei um pouco, vamos ver se animo a voltar a fazer, mas eu fazia vídeos sobre tecnologias antigas, né? Jogos antigos teve um que rendeu bastante comentário, foi de impressoras antigas, não é? Botava vídeos com áudio de impressoras antigas. Então o pessoal sentiu uma nostalgia daquele barulho, né, de impressora matricial que estava fazendo barulho.

Então é isso né? E que meu blog não é www.reinaldoferraz.com.br. Tem um material, tem material bem técnico, tem coisa bem nerd lá. Mas é, eu estou tentando. É também trazer um conteúdo um pouco mais, trazer algum conteúdo meu assim, no sentido de compartilhar coisas que eu acho legal. Eu compartilhei um post sobre uma viagem que eu fiz para Minas Gerais, né? De carro, com a família. Então contando por onde a gente passou, como que foi a viagem, foi bem divertido, então eu estou querendo compartilhar também outras coisas nesse blog, mas um blog, ele tem muito material sobre Acessibilidade. A ideia é que ele seja meio que esse laboratório de Acessibilidade que ele sirva para poder fazer algumas pesquisas e bom, e eu que agradeço pelo convite Wagner.

Estou muito feliz de poder participar de desse podcast. Acho que é como eu falei no começo, é muito importante, a gente tem iniciativas para a gente poder dar mais, trazer mais, mais luz ao tema. A gente não pode deixar esse tema de lado. Eu acho que quanto mais a gente falar de Acessibilidade, mais a gente vai conseguir atingir mais gente e se e se conseguir atingir uma pessoa que começou a mudar o seu modo de desenvolver por causa desse nosso trabalho, acho que a gente já fez a nossa parte, né? Então, obrigado para quem está aqui ainda, até agora, ouvindo a gente. E bom, eu estou por aí.

Se vocês me encontrarem por aí, vão encontrar alguém com uma foto, uma barba, um pouquinho grisalha, esse sou eu nas redes sociais.

Wagner Beethoven: Logo, logo não se encontra né? Está disseminando aí a palavra, mas vai se aposentar, né? ...

Reinaldo Ferraz: É, a gente brinca de a gente brinca de se aposentar, mas a dura, a gente começa a fazer as coisas de repente, fala, ai, que legal fazer isso aí você continua, continua, continua. Se se se ainda puder fazer isso por mais tempo, eu vou estar. Vou estar feliz aí lidando com esse tema. É um tema que eu agora tenho uma paixão e eu acho que eu sou um privilegiado de poder trabalhar com um tema que eu gosto tanto.

Wagner Beethoven: E aí pessoal, curtiram muito bacana. O papo é muito bom, sempre ouvi Reinaldo, né? E a gente finaliza hoje o mais episódio. Todas as informações de links e transcrições vão estar no site focoacessivel.com.br, mas avalie nas plataformas de áudio, nos curtam nos perfis de vídeo, tá? E segundo as redes sociais e lembre se Acessibilidade é um assunto que cedo ou tarde vai impactar a sua vida.

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